Pages

11 de abr. de 2012


História da Marchetaria

 
O mais antigo objeto marchetado é uma bacia de pedra calcária da Mesopotâmia, datada por volta de 3.000 A.C. Um outro exemplo é um caixão de madeira a Dinastia Yin (1300 A.C./220 D.C.). Por volta de 350 a.C. foram encontrados em halicarnasso evidências da técnica do embuti mento no palácio do rei Mausole, em cujas paredes havia incrustações em mármore. Porém a arte de embutir diversas folhas de madeiras em superfícies de madeira, para criar projetos artísticos, foi praticada habilidosamente pelos egípcios antigos.
Das minas de cobre desenvolveram o bronze e com eles fizeram as lâminas dentadas para usar como serras. A natureza negou-lhes, no entanto, a abundância de árvores. Por esse motivo, era necessário importá-las, o que encarecia muito a sua prática. Podemos presumir que essa escassez incentivou os empreendedores egípcios a iniciar a produção de serrar em laminas os caules das árvores - estes são os primeiros indícios históricos do nascimento dos folheados.
Mais tarde, os romanos desenvolveram um método chamado "tarsia certosina", em que as partes do folheado (entre outros materiais, como pedra, madeira, metal) eram cortadas e embutidas nas cavidades dos painéis de madeira com o auxílio de formões ou ferramentas similares; para a fixação das peças, era utilizada cola. A partir dela, muitas outras técnicas foram desenvolvidas.
As técnicas de corte e o ferramental seguiram evoluindo, possibilitando assim que os cortes das madeiras passassem a ser feitos de uma nova maneira nas serras, ainda manuais, porém muito eficientes. Essas ferramentas permitem o corte de traços sinuosos com muita precisão e assim um maior detalhamento e maior nitidez de motivos complexos.
Inventaram, então, uma engenhosa "serra de curva" que poderia melhorar o corte dos folheados. Essa descoberta trouxe técnicas avançadas aos artesãos romanos. Após o desmembramento do Império Romano, a marchetaria, que é um meio de expressão artística, esteve a ponto de perder-se, entretanto, o mais célebre artesão exerciam seu ofício na região da Toscana, Itália.
No início do século XIV, é criada a "tarsia geométrica": as superfícies que seriam decoradas eram inteiramente recobertas com folhas de madeiras em lugar das incrustações. Nessa mesma época, iniciou-se o tingi mento das madeiras com o uso de óleos penetrantes, corantes diluídos em água aquecida e ácidos. A areia aquecida é utilizada para sombreamento das obras.
No século XV, a marchetaria era praticada em particular na cidade de Florença, tendo em Francesco di Giovanni de Mateo, fundador da Escola Florentina de Arte, seu principal expoente.
Os artistas geralmente eram contratados para decorar igrejas e palácios. Durante a Renascença é criada a "Tarsia a Toppo" (ou marchetaria maciça, ou estrutural, como hoje é chamada). Atualmente esse procedimento é utilizado pelas indústrias de filetes decorativos.
Por volta de 1620, sob a influência dos mestres italianos, que retratavam em suas obras os edifícios característicos de suas vilas, ruas, praças e também paisagens, a marchetaria foi evoluindo (os motivos antes predominantes eram os arabescos) com novas técnicas de corte, possibilitando detalhes cada vez mais minuciosos. Nessa época, surge na Alemanha a "Tarsia a Incastro" (recorte simultâneo das partes a serem montadas).
Na segunda metade do século XVI, muitos gabinetes (tipo de móvel) são decorados com folhas de ébano. Essa madeira, que foi muito utilizada nos sarcófagos dos Faraós, se prestava para ser esculpida em baixo-relevo. No entanto, era substituída pela pereira, enegrecida com auxílio de extrato de nogueira.
Em muitas partes do mundo a marchetaria era e ainda é produzida através dos procedimentos da "Tarsia Certosina" (incrustações) e da Tarsia Geométrica (revestimentos). Os efeitos obtidos pelas incrustações de madrepérola na madeira maciça são conhecidos, sobretudo no Extremo Oriente. Nos países muçulmanos e no oriente, é muito popular o revestimento de móveis e pequenos objetos com motivos geométricos.
Por muitos séculos a Marchetaria centrou-se em Paris, onde André-Charles Boulle, ebanista do Rei Luis XIV, aperfeiçoou essa técnica agregando vários materiais, tais como folhas de cobre, latão, casco de tartaruga, placas de ossos e marfim. Com o passar do tempo, a Marchetaria entrou em uma fase de decadência, mantida por não mais do que uma centena de artista, resurgindo, porém, com o advento da Art. Nouveau. Apareceram, então, os motivos estilizados, tais como: flores, pássaros, borboletas e insetos.
Existe na Europa, América do Norte e Austrália muitos ateliês de marchetaria e associações de marcheteiros dispostos a não somente manter as antigas tradições da Arte em Madeira, com refinadas criações artísticas de caráter contemporâneo, mas também a restauração de obras antigas.
Ao longo dos anos são realizadas várias exposições e existe um forte mercado já consolidado nesse campo.

Fonte: Coleção Artes Manuais/Editora Escala.

Nenhum comentário:

Postar um comentário